O Objetivo deste Blog é divulgar artigos e documentos interessantes para a história de Lages e para a história e genealogia das famílias dos seus primitivos povoadores.

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19 de fevereiro de 2018

Índios, Soldados Lavradores nas Campanhas do Sul

Parte I



Atualizado em 03 de junho de 2018


Introdução

                    Nos maços populacionais da Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages (atual Lages, SC) referentes aos anos 1777 e 1778 constam registros da presença de um grupo indígena ainda não claramente identificado em trabalhos historiográficos [1]. Curiosamente, tais índios não mais aparecem nos maços dos anos subsequentes e tal ausência chegou a ser registrada por alguns pesquisadores tendo estes, entretanto, apresentado interpretações divergentes sobre a questão  tais como a presunção de que o grupo indígena estivesse, em anos subsequentes, integrado a população local ou a de que fossem autóctones [2]. A proposta geral deste artigo é Historiografar a participação de grupo indígena, originário de São José da Paraiba, como soldados lavradores instalados na então Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages (atual Lages, SC) entre 1776 a 1779.

                    As hipóteses levantadas no presente trabalho foram a de que um estudo contextualizado de fontes primárias e secundárias permitiria a realização de um trabalho historiográfico capaz de preencher lacunas existentes no conhecimento e entendimento da presença desse grupo indígena[3], e a de que uma leitura atenciosa de documentos associada ao esforço de contextualização dos mesmos com simultâneo cotejamento de outras fontes bibliográficas disponíveis poderia possibilitar um plano de pesquisa passível de solucionar parte da incógnita que persistia na historiografia da Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages, explicando a permanência efêmera de um grupo indígena não autóctone na Vila entre os anos de 1776 a 1779. Dentre as respostas a serem encontradas estavam saber quem teriam sido estes índios, a qual tribo ou Aldeia pertenciam, o que faziam na Vila de Lages e por que deixam de constar dos maços de população de 1779 em diante.

                    Os dados e informações encontrados trazem respostas e ao mesmo tempo oferecem material para futuras análises apontando para a possibilidade  de lançamento de novos olhares sobre o tema. Ao tempo em que apresenta parte das dificuldades enfrentadas em conflito entre dominantes e dominados, que persiste até nossos dias, busca-se abordar os índios enquanto sujeitos históricos, agentes de ação social e atores que participaram de forma operante da história de seu tempo.

Metodologia

                    No trabalho historiográfico são enfatizados a contextualização histórica - que determina a presença do grupo indígena paulista em território catarinense no período estudado - a duração desta presença, a identificação dos membros do grupo e de algumas de suas características sócio culturais  tais como teias de relacionamentos e compadrios, o local da sua instalação física e características de algumas de suas atividades. Também são estudados os impactos da presença do grupo na Vila de Lages e da ausência do mesmo na Vila de São José da Paraíba. Busca-se a abordagem dos índios enquanto sujeitos históricos, agentes de ação social e atores que participaram de forma operante de uma estratégia de guerra.

                    O método de pesquisa adotado foi o hipotético-dedutivo proposto por Popper (2005 apud DINIZ 2015) [4], com analise in loco e/ou através da internet de fontes primárias de diversos acervos públicos e com pesquisas bibliográficas em livros e trabalhos já publicados. 

                    Dentre as premissas norteadoras da pesquisa  está a forte ênfase na contextualização dos documentos pesquisados, como ensinado por BACELLAR (s/d): "Acima de tudo, o historiador precisa entender as fontes em seus contextos, perceber que algumas imprecisões demonstram os interesses de quem as escreveu" e também que "antes de tudo, ser historiador exige que se desconfie das fontes, das intenções de quem a produziu, somente entendidas com o olhar crítico e a correta contextualização do documento que se tem em mãos". Da mesma forma o autor orienta sobre a importância do cruzamento de fontes que permite vislumbre de outras realidades e expressa o que na sua visão deva ser o olhar do historiador:

"Munido das armas e precauções dispostas anteriormente, de conhecimento prévio sobre o assunto (fruto de muita pesquisa bibliográfica a respeito do período estudado e do que concluíram historiadores que trabalharam antes dele), o pesquisador está pronto para prosseguir na análise e na interpretação de suas fontes. Já pode cotejar informações, justapor documentos, relacionar texto e contexto, estabelecer constantes, identificar mudanças e permanências e produzir um trabalho de História" (BACELLAR, s/d).


                    As principais fontes primárias pesquisadas in loco  foram os Mapas de População da Vila de Lages de 1766 a 1779 através de microfilmes acessados no Centro de História da Família da estaca Florianópolis de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os documentos primários pesquisados on line foram os primeiros Livros Eclesiásticos das localidades de Lages em SC, Castro e Curitiba no PR e Itapeva da Faxina em SP disponíveis no site do FamilySearch de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e ainda os acervos disponibilizados pela Biblioteca Nacional Digital do Brasil destacando-se os do Projeto Resgate na Biblioteca Luso Brasileira e os do Acervo Biblioteca Nacional.

                    Dentre as fontes secundárias de maior relevância estão as transcrições de correspondências oficias de autoridades ligadas à Capitania de São Paulo constantes da Coleção Documentos Interessantes para a História de São Paulo tratados com os subsídios orientadores de MENDES (2010). Informações bibliográficas sobre a história da vila de São José da Paraiba foram obtidos em OLIVEIRA et alli (2010) e sobre a da vila de Lages em DASCH (1963) e  BOGACIOVAS (1999). Fundamentos das áreas de demografia histórica e de história da população no Brasil foram supridos pelo estudo de BACELLAR et alli (2005) e as orientações sobre práticas de pesquisa obtidas em BACELLAR (s/d).

Entre Conflitos e Precauções

                    Os maços de População de Lages de 1777 e 1778 apresentam peculiaridades que até o presente têm escapado ao olhar dos historiadores. Estes vem tratando todas as pessoas relacionadas nos ditos Maços como habitantes estáveis de Lages quando, na realidade, uma análise mais contextualizada do momento histórico da Colônia subsidiada pelo cruzamento de diversas fontes esclarecem a presença, na Vila de Lages, de uma população flutuante composta de soldados enviados pela coroa portuguesa para as guerras do sul[5]. Dentre tais soldados destaca-se no presente estudo o grupo indígena enviado da vila de São José, atual São José dos Campos, São Paulo, para a Vila de Lages como soldados lavradores. Registre-se que na época ambas as Vilas pertenciam à Capitania de São Paulo.

                    Ao longo do período colonial as fronteiras do sul do Brasil foram objeto de disputas entre as Coroas Portuguesas e Espanholas e buscando definir os limites territoriais na América os dois reinos também assinaram diplomaticamente diversos tratados entre eles os de Utrecht (1715), Madrid (1750), e Santo Ildefonso (1777),  nos quais a posse da Colônia do Sacramento foi sendo outorgada ora à Espanha, ora a Portugal. Os conflitos foram constantes. Em 1763 espanhóis invadem a Capitania do Rio Grande de São Pedro tomando a capital Rio Grande e tornam a invadi-lo mais uma vez em 1773. Confrontos armados seguiram-se até que o Rio Grande fosse restaurado em 1777 (AZEREDO, s/d).

                    Seguidos anos de conflitos mantiveram a coroa portuguesa em posição preventiva e na expectativa de reincidência de invasões espanholas tendo sido fundamental priorizar as questões militares de forma a não permitir o avanço do inimigo. Neste contexto Luis Antonio de Souza Botelho, conhecido como Morgado de Mateus, assume o governo de São Paulo em 1765 com a incumbência de reerguer a capitania e defender o território português de invasores externos pelo que determinou, dentre outras providências, a fundação de diversas vilas e também a elevação de aldeias indígenas à categoria de vilas, seguindo ordens recebidas do Rei de Portugal (PAPALI et alli, 2015).

                    A Aldeia de São José, formada por indígenas inicialmente aldeados por jesuítas, foi, elevada a vila aos 27 de julho de 1767[6] com o nome de São José do Paraíba, desagregada dos Termos das Vilas de Jacareí e Taubaté. Para Oliveira et alli (2010) a elevação da Aldeia de São José do Parahyba à condição de Vila buscava-"agregação dos índios dispersos no povoado para que fossem catequizados e “civilizados”, visando melhor atender ao serviço real, ou seja, para que se tornassem “vassalos úteis” conforme termo muito utilizado na documentação da época" (Oliveira ett alli p.80). As mesma autoras destacam que

"(...) São José do Parahyba foi elevada à categoria de Vila por motivos geopolíticos, articulados pelo então governador da Capitania de São Paulo, Antônio de Sousa Botelho Mourão, o Morgado de Mateus. A metrópole buscou impulsionar a economia e assegurar a mão-de-obra indígena paulista, objetivando com isso manter seu domínio sobre a Colônia do Sacramento, no sul do país, bem como procurou erigir novas Vilas para proteger-se do avanço colonialista espanhol" (Oliveira ett alli p.87)

                    Também a fundação da Vila de Nossa Senhoras das Lages esteve ligada sobretudo a estratégia de defesa territorial do sul do Brasil como se verifica do teor da correspondência enviada pelo Morgado de Matheus ao Conde de Oeiras em 24 de Dezembro de 1766 na qual  é citada a sua localização estratégica, no extremo sul da capitania e em lugar cuja natureza dificulta a passagem do inimigo, apropriada para que, com pouca gente, fosse possível fazer a maior diferença contra o maior ataque que possa haver em alguma invasão do inimigo (DASCH, 1960).

    
                    Sucede ao Morgado de Mateus no Governo de São Paulo. Martin Lopo Leite de Saldanha o qual em carta de 26 de junho de 1775 participa ao General João Henrique Bohm, comandante das forças brasileiras estacionadas no sul, a organização de reforços para a defesa do Rio Grande com formação de um regimento de tropas ligeiras, composto de Cavalaria e Infantaria denominado Voluntários Reais a serem enviadas sempre que requeridas para defesa das Províncias do sul [7] . Em 14 de julho de 1775 inicia o envio de tropas de infantaria que marcharam a pé da cidade de São Paulo até o porto de Santos e de lá seguiram por via marítima até a Ilha de Santa Catarina de onde prosseguem a pé para integrarem o Exército do Sul.[8]. Também pela via marítima eram enviados dos portos do Rio de Janeiro, de Santos e de Paranaguá para o Sul vários recursos estratégicos tais como armamentos, remédios, fardamento e mantimentos para todas as tropas. Dentre os mantimentos para subsistência das tropas no Rio Grande a farinha, vinda por mar, e o gado rio-grandense foram os principais.

                   Em Dezembro de 1775 ao Sargento Mor Teotônio José Zuzarte foi delegada a ordem para aprontar mantimentos para as tropas que marcham para o sul por terra.[9] O suprimento destas tropas envolveu uma complexa logística.As tropas levam da cidade de São Paulo cargas de sal e bestas de carga. Em pousos determinados são dispostos mantimentos, algum gado e recursos para reposição dos animais e do sal necessários. A cada pernoite as Companhias recebem toucinho, farinha e feijão. As companhias marcham com algum intervalo entre si de modo a não se sobrepor as estadias nos pousos. Ao longo do trajeto das tropas as Vilas adjacentes se incumbiam de fornecer os suprimentos necessário que poderiam ser adquirido de particulares a serem pagos posteriormente pelo governo. A ordem para iniciar a marcha por terra foi expedida aos 8 de dezembro de 1775 e as tropas seguiam até a vila de Lages sob a responsabilidade do Governador de São Paulo e ao adentrar o Rio Grande  passavam ao comando do Tenente General João Henrique Bohm. [10]  

               Segue-se arregimentando tropas regularmente e em caráter preventivo para a defesa do sul até chegar a notícia de que o espanhol Cevallos parte de Cadiz aos 12 de outubro de 1776 em direção ao Brasil com uma esquadra de cerca de 8 mil homens. A prevenção portuguesa na defesa do Sul do Brasil se intensificou de forma que além de não se retirarem as tropas já presentes no Rio Grande outras mais passam a ser enviadas. O temor português se concretiza com a tomada da Ilha de Santa Catarina em 24 de fevereiro de 1777

Novos Convocados Marcham.

                   Preocupado em melhor garantir alimentação das tropas, que deveriam ser ampliadas no sul, em 11 de abril de 1777 o Governador da Capitania de São Paulo Martim Lopes Lobo de Saldanha ordena ao diretor da Vila de São José que mande para a cidade de São Paulo "50 índios capazes de trabalho os quais serão entregues na sala deste governo para se aplicar em ao serviço a que se acham destinados". O mesmo Governador já tivera oportunidade de conhecer pessoalmente a vila de São José por ocasião de viagem que fizera do Rio de Janeiro a São Paulo e assim a descreve em correspondência de 21 de junho de 1775 ao Vice-Rei, o Marquês de Lavradio: "(...) no dia 9 vim dormir á villa nova de S. José, que só eh villa no nome, porque os moradores, que são Índios, se acham dispersos pelas roças (...)" [12]. Os critérios a serem seguidos na "escolha" dos índios seriam:

"(...)  primeiro que sejam de boa idade e robustez segundo que sejam desembaraçados e sem família terceiro que poderá remeter alguns que forem casados mas que não tenham filhos obrigando as mulheres a que os acompanhe em quarto lugar que todos os mantimentos que os ditos índios puderem carregar para esta cidade assim de farinha como de milho se remeta por eles para ser pago logo pelos seus devidos preços por quanto com a ausência dos referidos índios se poderá remediar muito bem aquela Vila com muito menos porção de mantimentos do que atualmente se precisa"[13] .

                    Em 14 de abril de 1777 o Diretor dos índios da Vila de São José enviou correspondência ao Capitão General de São Paulo comunicando a dificuldade de atender a convocação dos 50 índios pela falta que deles se encontrava a Vila. Em resposta o Governador argumenta que das informações que vem recebendo sobre o estado da Vila não haveria o que se conjecturar com relação a falta de índios, parecendo que, na realidade, a localização de mais índios pode não ter sido bem sucedida na revista que fora realizada na Vila ou então que parte deles pudesse ter desertado sem que o diretor tivesse tomado as providências cabíveis. O Governador afirma também não dispensar o Diretor de cumprir a convocação dos 50 índios ainda que para completar o numero deles se tomassem as providências necessárias para trazer de volta à Vila de São José  os índios que a pouco tempo dela fugiram para Minas Gerais. Encerrando o expediente o Governador alerta ao Diretor que não use de subterfúgios no cumprimento de sua ordem o que estaria fadado ao insucesso. [14] Neste episódio de pode constatar parte da resistência feita à convocação.

                    Dias depois, em correspondências de 15 de abril de 1777 -destinadas a todos os pontos da Capitania - o Governador de São Paulo comunica estar marchando da cidade de São Paulo para socorro do exército do Sul um corpo de 6 mil homens, destacados sucessivamente por companhias, devendo em todos os pontos previamente determinados serem assistidos com víveres e recursos de transporte. Na mesma correspondência vêm a razão da convocação dos soldados lavradores e a forma com se deve organizar sua alocação: [15] Buscando evitar futura falta de mantimentos para tropas que eventualmente ainda marchassem depois ou que estivessem regressando da campanha de guerra pela Capitania de São Paulo seriam designados comissários para administrarem o plantio de roças  no Distrito de Curitiba e no Sertão das Lages. Os locais escolhidos para as roças deveriam ser os sítios onde o transporte fosse mais facilitado e que prometessem colheita abundante. Em Curitiba parecia ser mais próprio o de São Felipe por distar somente 4 léguas do Pouso do Carrapato, prevendo-se uma produção de 5 alqueires. Já no Sertão das Lages deveria se procurar um local mais próximo da Vila consultando-se previamente o Capitão Mor Antonio Correia Pinto que como prático estaria em condições de assinalar um local onde se pudesse produzir 150 alqueires de semeadura. Sobre quem cultivarias as roças se refere a correspondência:

"Para o trabalho das referidas roças se expendem desta cidade 50 índios e se mandaram tirar das fazendas Del Rey em Curitiba e Paranaguá igual número de escravos para os quais tenha aprontado a Real Fazenda as ferramentas necessárias as quais serão entregues as pessoas que ficaram encarregados da inspeção das ditas rossas passando recibos pelos quais conste a sua entrega. Enquanto os referidos escravos e índios não puderem manter-se da produção das referidas roças serão municiados à custa da Real Fazenda ficando a cargo das pessoas dos feitores fazerem a vigilância e cuidado para que os mesmos escravos e índios se não ausente para que o trabalho se adiante."

                    Parte das tropas destacada de Minas Gerais recebem em 2 de junho de 1777 ordem de retroceder ao seus locais de origem, a boa parte passando pela Vila de Lages, onde deveriam observar a risca as disposições do capitão-mor Regente da dita Vila. A motivação da ordem foi a precariedade de condições com que marcharam. Alguns membros destas tropas foram autorizados a permanecerem em Lages[16] e foram alocados posteriormente para socorrer Laguna. Também em Curitiba ficariam alguns soldados mineiros, tendo sido determinado ao Capitão Miguel Ribeiro Ribas escolher desses 100 homens "entre pardos e negros para se ocuparem na cultura das Rosas"[17].

                   Em correspondência de 17 de junho de 1777 o Capitão General de São Paulo expressa esperar do Capitão Mor de Lages que dê todas as providências para o bom governo das roças fazendo municiar os índios que nelas trabalham e recolhendo as ferramentas que lhes forem entregues das quais os respectivos feitores devem dar conta (DISP V 79 p. 48).

                    A distância total a ser percorrida a pé pelas tropas de São Paulo até Lages, onde terminava a capitania paulista, seria aproximadamente de 200 Léguas e dai adentrando no Rio Grande até o Exercito cerca de mais 100 léguas, sendo algumas de "Passos terríveis" e com "rios caudalosos" que poderiam encher repentinamente. [11]  Seguindo o mesmo transito  por cerca de 36 dias de marcha, acompanhando algum destacamento militar, chegaram em Lages os soldados índios lavradores da Vila de São José.   Ver Tabela de Trânsito.
          
                    Aos 9 de maio de 1778 o Governador de São Paulo responde a correspondência recebida de Lages na qual o Capitão Mor relata que os índios empregados nos serviços das roças estavam enfrentando carência de alimentos ao que responde o Governador que tendo retornado os tempos de paz os índios não eram mais necessários em Lages e deveriam retornar a cidade de São Paulo ao mesmo tempo em que se recolhessem as tropas. Em São Paulo os índios receberiam os salário que lhes eram devido e se recolheriam para suas casas. Mesmo porque, segundo o Governador de SP , além de muito difícil a condução de "Fazenda" para seu vestuário -  e não ter a Real Fazenda comodidade para dito transporte - tais despesas sairiam aos miseráveis índios a preços exorbitantes (DISP V 80 p. 81). Desta última informação é possível levantar-se uma hipótese que os índios viessem a pagar pelos seus fardamentos.

                    Até dia 21 de outubro de 1778 não se tinha decisão sobre o futuro do grupo indígena deslocado para cultivar roças em Lages e eles ainda não haviam concluído toda tarefa que lhes fora destinada. O Capitão Mor daquela Vila havia inclusive cogitado junto ao Governado de São Paulo a possibilidade de que os índios depois ficassem em Lages e fossem empregados em "descortinar os ditos matos grandes desse sertão" resultando disso vantagem ao Tesouro Real haja vista que com caminhos limpos as tropas poderiam marchar com mais facilidade de Lages a Curitiba. O Governador de São Paulo responde ao capitão Mor de Lages que cogita deixar em Lages alguns índios casados desde que não se fizessem necessário para as partes da cidade de São Paulo, mas que ainda não estava decidido e iria se informar melhor a respeito. Até que saísse uma decisão caberia ao capitão Mor de Lages empregar os índios nos serviços que atendessem aos Reais Interesses e ao aumento do País, devendo tratar os mesmos com caridade e cuidar que não lhes faltasse o sustento e o agasalho devido[18].

                    Em 2 de Junho de 1779 os índios ainda permaneciam em Lages e é recomendado ao Capitão Mor da Vila que prossiga cuidando que não lhes falte alimento e abrigo e que os deixassem  cultivando roças para seu sustento. Deveriam os mesmos cultivar mantimentos para si e para o Destacamento com que seguiriam pelo sertão no retorno que seria demorado e trabalhoso. O Governador de São Paulo orienta Correia Pinto que solicite apoio dos Tropeiros no sentido de contribuir com o que for possível para reduzir as dificuldades que os índios enfrentariam na marcha de retorno.

                     Também conhecidas como maços de população, as listas nominativas de habitantes consistem de levantamentos elaborados, em sua grande maioria, a partir de meados do século XVIII e alcançando as primeiras décadas do Império tendo sido inicialmente elaboradas pela Capitania de São Paulo tendo por finalidade  o recrutamento militar. Na década de 1790, passaram a registrar a produção econômica, no esforço reformista da política metropolitana. BACELLAR (s/d) constata que: "O uso das listas nominativas como fonte documental vem crescendo desde a década de 1970, quando passaram a ser trabalhadas pelos historiadores debruçados sobre temas como população e família" e registra ser o Arquivo do Estado de São Paulo detentor da única coleção completa, que abrange todas as vilas da antiga Capitania, depois Província.

                    Da análise das listas nominativas da Villa de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages dos anos de 1777 e 1778 observa-se que constam recenseados em grupo com denominação específica e distribuídos em classes de idade, indígenas denominados em 1777 tão somente como " Relação dos Indios de hu e Outro Xeço" e em 1778 de forma mais específica como " Relação dos Indios que de prez.te se achão nesta Vila dos Prazeres das Lages" sendo possível a identificação do caráter temporário da presença do grupo naquela Vila.

                      O quadro estatístico do total de habitantes em 1777 apresenta 662 habitantes dentre os quais 58 índios e 38 índias que juntos correspondiam a mais de 10% dos habitantes locais. A índia Catharina Ribeira esposa de Antonio da Costa não consta das listas de 1777 e 1778. Entretanto nesta época estava na Vila de Lages onde foi madrinha de alguns batismos com seu esposo conforme exposto mais adiante [19]. Em relação ao gênero e faixa etária em 1777, do sexo masculino havia 5 crianças nascidas em 1777, 3 de até 7 anos, 3 de 7 a 15 anos, 45 de 15 a 60 anos e mais dois falecidos em 1777. Do sexo feminino 2 crianças nascidas em 1777, 5 de até 7 anos,  27 de 15 a 60 anos e 2 de 40 a 90 anos. Assim, o grupo consiste em maior parte de adultos jovens de ambos os sexos com uma pequena prevalência masculina. Cerca de 10% do grupo consistia de nascidos no ano de 1777. Existe ausência de meninas e moças  adolescentes na faixa dos 7 até  15 anos. Os dados de 1778 apresenta perfil semelhante aos de 1777 no grupo de índios, apresentando inclusive significativa consistência dos nomes e das idades declaradas.

               A confirmação de que se tratava do mesmo grupo indígena convocado em São José de Parnaíba em 11 de abril de 1777 pelo Governador da Capitania de São Paulo para servirem como soldados no plantio de em roças para suprimento de tropas foi possível através da análise dos primeiros livros eclesiásticos da Vila de Lages. Tais indígenas foram identificados nos assentos de batismos através de expressões como "Todos índios que vieram fazer trabalho nas Roças de ElRey", "Todos índios que vieram trabalhar nas Roças de ERey", "Todos índios que vieram fazer as Roças de ElRey", "Todos índios que vieram fazer trabalho nas Roças de ElRey" ou ainda "Todos índios que viera a factura das Rocas de Sua magestade”, demonstrando em tais assentos a intencionalidade de se registrar tanto a etnia indígena quanto o não pertencimentos de seus pais ao grupo de moradores permanentes de Lages. Em apenas dois batizados os índios constaram como: "Todos moradores e Freguezes desta Villa" sem outras referências.[20]  Esta conclusão é também corroborada por outros documento tal como o expedido pelo Governador de São Paulo por ocasião do retorno dos índios para seu território de origem como se demonstrará adiante.

                    Fica esclarecido que no  alistamento dos índios deixaram de ser observados alguns critério estabelecidos previamente pelo governo paulista quais sejam o de que os alistados não tivessem família e, havendo casados, que não tivessem filhos. Por outro lado, a determinação de que caso tivessem mulheres estas acompanhassem os maridos foi atendida[21]. Partir sob a condição de levar os filhos não os afastando de suas mães pode ter sido uma demonstração de resistência do grupo a uma postura de aculturação imposta pelo homem branco. Não é comum o soldado branco partir para operações em zonas de conflito levando mulher e filhos. O cuidado em preservar as meninas e jovens adolescentes de assédios por parte de homens de fora do grupo indígena e dos incômodos e riscos de longa marcha por terra podem ter sido razões pelas quais não tenham sido encontradas em Lages.

                    De fato, alguns casais de índios chegaram na Vila de Lages com filhos, como foi o caso de Luis Dias de 35 anos e sua mulher Ignácia Ribeira de 25 anos, com os filhos Antonio de 15 anos e Estanislau de 3 anos. José Pinto 35 anos e Maria Fernandes 23 anos chegam em 1777 com a filha Maria de 5 anos e em 1778 tiveram o filho Lourenço batizado em Lages naquele mesmo ano, e tal como Bartolomeu de Souza 29 anos e Maria de Lima 23 anos que traziam em 1777 a filha Eva de 4 anos e batizaram a filha Maria em 1778 na Vila de Lages [22]. Comparados com os Maços de População dos respectivos anos é possível verificar que todas as crianças haviam nascido em datas relativamente próximas dos respectivos batistério (dias ou meses) [23].  

                    Entre 05/10/1777 e 25/05/1779 foram batizadas na Vila de Lages 23 crianças filhas de índios de São José, sendo 14 do sexo masculino e 9 do sexo feminino, todos filhos legítimos e tendo, por regra, como padrinhos casais de índios do mesmo grupo. Nos batistério dos índios foram apenas quatro as exceções quanto a natureza do compadrio. Nos primeiros meses após a chegada dos índios em Lages[24] o índio Francisco, filho de João Frazão de Lima e Maria Rodrigues foi batizado em 13/11/1777[25] sendo padrinhos Estevão de Moura, indio de São José, e Luciana Maria forra e em 21/12/1777[26] batizou-se Rafael filho de Joze da Costa e Francisca da Costa tendo por padrinhos José filho de Gabriel Dias Ferreira e Thereza Maria de Jesus casada com Lourenço Rodrigues da Rocha. Nos dois registros acima constam "todos moradores e Freguezes desta Villa" sem identificação explicita daqueles que fossem índios.

                    Próximo da data de regresso do grupo indígena para a Capitania de São Paulo foram batizados: Em 20/01/1779 o índio José filho de Antonio Tavares e Maria Pinta cujos padrinhos foram Estevão de Moura,  índio, e Rosa escrava de Dona Ana do Amaral[27] e no dia 30/01/1779 [28] a índia Gertrudes filha de Mateus Cardozo e Maria de Souza que teve por padrinhos Thomas da Silveira Paes, soldado pago do Registro de São Jorge, e sua mulher Ana Maria de Jesus:

                       Fugindo ao padrão dos demais padrinhos de batismos do seu grupo indígena, todos casados com índias, o índio Estevão de Moura foi padrinho de 5 crianças índias entre 13/11/1777 a 20/01/1779 tendo por madrinha em dois batismos Anna da Silva casada com Joze Francisco, índios. e nos demais foram madrinhas Maria Rodrigues esposa de João Frazão, índios que mais tarde seriam seus compadres, Rosa escrava e, Luciana Maria. O índio Estevão de Moura de acordo com os Maços de População de 1777 e 1778 estava com cerca de 30 anos e não aparece como casado em nenhum registro de Lages. 

               Dentre os casais de índios destacam-se enquanto padrinhos Antonio da Costa, com cerca de 36 a 37 anos de acordo com os mapas de população de Lages de 1777 e 1778, e sua mulher Catharina Ribeira, a qual não constou dos ditos mapas de população (conforme alerta BACELAR (s/d) tais inconsistências nãos são incomuns nos maços populacionais elaborados à época) os quais vem registrados como padrinhos de 4 crianças índias  no período em que seu grupo permaneceu na Vila de Lages.

                       Nas análises dos dados demográficos constantes nos maços de população de Lages de 1777 e seguintes e dos registros dos primeiros livros de Batismo, casamentos e óbitos da Vila de Lages levando em consideração também o contexto histórico correspondente  analisado sobretudo em correspondências oficias da época, constata-se que nem todos os homens adultos relacionados nos mapas de população de 1777 a 1779 eram habitantes da Vila sendo parte deles soldados para lá destacados temporariamente. Desta forma, estudos comparativos que levem em conta esta classe de habitantes em relação a anos subsequentes e que tratem da análise da população moradora da vila devem partir, para maior acerto, do maços de 1779.

                        Também se deve considerar os índios contabilizados em 1777 e 1778, enquanto soldados que eram, com passagem temporária pela Vila e que dela de ausentaram em definitivo por volta de 24 de novembro de 1779 e já não existiam na vila por ocasião da realização do censo de Lages com data de expedição de 15 de Dez de 1779. Igualmente a observação de que estariam tais índios misturados à população de Lages nos maços populacionais subsequentes a 1777 não encontra sustentação. Acresce também que não apenas o mapa de de 1777 mas também o de 1778 apresenta  separadamente o grupo indígena em questão.

                      No primeiro livro de Casamento de Lages não constam registros que os citem. Quanto aos óbitos do mesmo período ainda que os Maços de População de 1777 apresentem óbito de dois índios do sexo masculino nos óbitos eclesiásticos só foi possível localizar o óbito de Antonio Saldinha falecido em 12/01/1778 (LO1 fls 8v) solteiro, "Indio que vieram trabalhar nas Roças de Sua Majestade da Villa de Sam Jose" que faleceu de forma quase repentina não especificada do assento do óbito. Foi sepultado no interior da Igreja Matriz de Lages.

                       A localização atual do local que abrigou as antigas roças indígenas em Lages durante 1777 a 1779 pode ser possível carecendo ainda pesquisas específicas neste sentido quiçá de maior significado histórico para a cidade que hoje possui o Distrito de Índios o qual, em nossa hipótese, pode  ser um topônimo do que do passado ficou representado. Conforme Bogaciovas (1999) no Livro de Notas n. 6, às fls 25 a 25v, do Primeiro Ofício de Lages consta um requerimento de Manoel Cavalheiro Leitão no qual o requerente busca mostrar que seu pai, o Sargento Mor Miguel Pedroso Leite, havia comprado do Guarda-Mor Bernardino da Costa Filgueira uns campos com terras lavradias nos Campos dos Indios. No requerimento vem exposto o que segue:

 "Denominavam-se Campos dos Indios porque, em tempos antigos, assistiram neles uns índios que das aldeias da cidade de São Paulo foram para a vila de Lages para efeito de plantarem a experimento com mantimentos as tropas que de São Paulo foram ao Continente do Sul em socorro dele, ficando por esse motivo conhecido como Campos dos Índios e que logo foram recolhidos às suas aldeias e ficaram aqueles campos pertencendo à Real fazenda. Houve uma decisão do Governador da Capitania de São Paulo, a 3 de junho de 1806, dando despacho a que ninguém ocupasse aqueles campos até que a Real Fazenda decidisse a quem pertenceriam os ditos campos"(Bogaciovas, 1999, p. 53).

                     Aos 24 de novembro de 1779 o Governador de São Paulo expede a seguinte ordem (DISP V 84 p170):

"Recolhe-se da Vila das Lages para a Vila Nova de São José 25 índios e 18 índias pertencentes a esta mesma Vila nos registros e rios se lhe estará pronta passagem sem paga alguma em atenção aos referidos terem estado no serviço de Sua Majestade fidelíssima naquele continente das Lajes"  


Considerações Finais

                  Apresentamos um trabalho historiográfico demonstrando de forma contextualizada a origem, as atribuições e o destino que teve o grupamento indígena que partiu da Vila de São José da Paraíba para servir como soldados lavradores  na Vila de Lages entre 1776 a 1779 tendo o grupo retornado à mesma vila. São apresentados elementos  sobre a razão e circunstâncias do deslocamento, a estadia em Lages e os laços de compadrio que estabeleceram em Lages.

                           Fica demonstrado como, no presente caso,  a mão de obra indígena foi aplicada como instrumento de alcance de objetivos militares dentro do período de conflitos armados no sul do Brasil entre portugueses e espanhóis e em uma sociedade com condições de forças desiguais onde se conflitavam interesses de índios e não-índios; dominados e dominantes. 

                   Também se apresenta um resgate da condição dos índios, soldados lavradores, de São José como atores históricos, capazes de encontrar  condições de sobrevivência, resistindo através da preservação da união do grupo em relações estreitas de compadrio entre si e da manutenção de costumes de convívio familiar. Surge também a figura feminina da índia que com seus filhos nascidos ou para nascerem acompanha seu marido em uma jornada exaustiva e arriscada que os levavam às portas de um território passível de sérios conflitos armados.

                  Da historiografia apresentada surgem proposituras para futuras pesquisas nas quais se possam fazer acertos em análises demográficas das duas Vilas considerando-se tanto o movimento de tropas na Vila de Lages como a ausência de parte dos índios de São José entre 1777 a 1779.  Da mesma forma já se detém dados suficientes para futuras análise de genealogia e história familiar dos componente do grupo estudado. Também se apresenta hipótese passível de ser explorada de que a ocupação dos campos então cultivados em Lages pelos índios tenha sido a origem do topônimo que atualmente designa o Distritos de Índios integrante do município de Lages, SC.  

Referencias Bibliográficas

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BOGACIOVAS, Marcelo Meira Amaral.  Antigos proprietários rurais de Lages. Revista da ABRASP N.6. Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia. São Paulo,1999.

DACHS, Walter.  Histórico da vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens. Jornal Guia Serrano,  Lages/SC década de 1960. Acervo do Museu Thiago de Castro Lages/SC. Ver Índice de Artigos   em http://lageshistorica.blogspot.com.br/search/label/Walter%20Dachs

DINIZ, Marco Túlio Mendonça. Contribuições ao ensino do método hipotético-dedutivo a estudantes de Geografia. Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 19, n. 2, maio/ago. 2015. Disponível em https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/download/12995/pdf

LOPES, José Carlos Veiga, Fazendas e sitios de Castro e Carambeí. Ed. Torre de Papel:Curitiba, 2004, p.344. 

MENDES. André Oliva Teixeira. Os documentos interessantes para história e costumes de São Paulo subsídios para construção de Representações. Dissertação de pós-graduação em história social da Faculdade de Filosofia letras e ciências humanas da Universidade de São Paulo São Paulo 2016. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-21062011-082752/pt-br.php.

VICENZI, Renilda. Nos campos de cima da serra: ser preto, pardo e branco na vila de Lages, 1776-1850. Tese (Doutorado em Estudos Históricos Latino-Americanos) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2015. Disponível em http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/3753/Renilda%20Vicenzi_.pdf?sequence=1&isAllowed=y

OLIVEIRA Vanessa Cristina Morais;  PAPALI, Maria Aparecida e  ZANETTI, Valéria. A Elevação da Aldeia de São José do Parayba em 1767: o papel das Vilas e Aldeias paulistas no contexto político do Brasil Colonial in São José dos Campos: de Aldeia a Cidade Volume III. Universidade do Vale do Paraíba. 2010. Disponível em http://www.camarasjc.sp.gov.br/promemoria/wp-content/uploads/2015/07/Volume-III-S%C3%A3o-Jos%C3%A9-dos-Campos-de-Aldeia-a-cidade.pdf.

PAPALI. Maria Aparecida, ZANETTI ,Valéria e COSTA, Suele França. Terras em disputa: Vilas de Jacarey e São José do Parahyba (São Paulo - Brasil), 1766 - 1771. Rev. Hist. UEG - Anápolis, v.4, n.1, p. 42-56, jan./jun. 2015. Disponível em http://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/3410/2497.

AZEREDO, Daiane Estevam. Colônia do Sacramento: o embate entre as coroas castelhana e lusitana in Perspectivas Históricas de uma mesma América. Organizadora Graciela Bonassa Garcia (UFRRJ-IM). Disponível em http://www.ufrrj.br/graduacao/prodocencia/publicacoes/perspectivas-historicas/artigos/10.pdf.

Acervos Pesquisados

Mapas de População da Vila de  Lages de 1766 a 1779 Microfilmes acessados através do Centro de História da Família de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Primeiros  Livros Eclesiásticos das localidades de Lages em SC, Castro e Curitiba no PR e Itapeva da Faxina em SP pesquisados no site FamilySearch de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. 

Projeto Resgate -  Biblioteca Luso Brasileira -  Bibioteca Nacional Digital do Brasil. Disponível em http://resgate.bn.br/docreader/docmulti.aspx?bib=resgate&pagfis=.

Acervo  Biblioteca Nacional in Biblioteca Nacional Digital do Brasil . Disponível em http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.html

Documentos Interessantes para a História de São Paulo. Diversos volumes. Disponibilizados pela Biblioteca Digital da Unesp  em https://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/57

Abreviaturas


ACDL: Arquivo da Cúria Diocesana de Lages, SC.

DAESP: Divisão do Arquivo do Estado de São Paulo.

DISP: Documentos Interessantes para a História de São Paulo. 

LB1: Livro 1º de Batismos da Matriz de Lages.


[1] O Historiador e Genealogista Walter Dasch (1963) teve o privilégio de pesquisar e escrever sobre o contido nos primeiros livros da Câmara da Vila de Lages - que atualmente se encontram desaparecidos. Redigiu alguns Capítulos a respeito das tropas que por Lages passaram em socorro ao sul do Brasil. Também escreveu artigo específico sobre a lista de habitantes de Lages de1778 com base em transcrição de Benedito Marcondes publicada na Revista Genealógica Brasileira ano VII, Segundo Semestre de 1946, n. 14, paginas 563 a 568. Não obstante, nada referencia sobre a estadia dos índios soldados lavradores que estiveram de 1777 a 1779 na Vila de Lages.
[2] Renilda Vicenzi (2015) com base no estudo dos Maços de População de  Lages registra que no censo de 1777 a vila contava com "658 habitantes, destes, 55 indios e 36 indias" e ainda que "Nos demais censos não aparecem mais separados".
[4] "O método hipotético-dedutivo consiste em se perceber problemas, lacunas ou contradições no conhecimento prévio ou em teorias existentes. A partir desses problemas, lacunas ou contradições, são formuladas conjecturas, soluções ou hipóteses; essas, por sua vez, são testadas no que Popper chamava de técnica de falseamento. Após analisados os resultados, são avaliadas as conjecturas, soluções ou hipóteses previamente elaboradas, que podem ser reputas (rejeitadas) ou corroboradas" ( Diniz, 2015).
[5]  É o caso de Luis Pereira de Oliveira "soldado da companhia do capitam Macedo" que em 10/09/1778, na Matriz de Lages, foi padrinho de batismo de Manoel filho de Quiteria Maria de Jesus e de pai incógnito. A madrinha foi  Maria Moreira, solteira, filha de Rita Moreira, sendo "todos moradores e frequeses desta Villa de Lages" (LB1 fls 35).
[6] Em seu auto de ereção em vila vêm descritos os objetivos de "se evitar a dispersão dos autóctones através da congregação destes em povoações, o que facilitaria o projeto de civilização. Medidas que o governador da capitania de São Paulo julgava necessárias para civilizar os indígenas" Oliveira et alli (2010).
[7] DISP v 42  p 5. 
[8] DISP V 42 p. 19 a 20
[9] DISP V 84 p 54
[10] DISP V 42 p 38 a 39
[11] DISP V 42 p 69 a 71 
[12]  DISP V 42 p. 4.
[13] DISP V 84 103 A
[14] DISP V 78 p 68 a 69).
[15] Não foi localizado documento que explique trajeto específico e possivelmente foi em uma marcha com as mesma características que se deslocaram os índios de São José da Paraíba até  Lages.
[16] DISP V 84 111 B
[17] (DISP V 84 111)
[18] (DISP V 81 p. 79 a 80)
[19] Aqui aplica-se o ensinamento de Bacellar (s/d) no que respeita à representatividade das informações contidas em listas populacionais: "embora sejam um notável esforço, diante dos escassos recursos da época, de levantamento populacional, percebemos, facilmente, que contêm erros. 
[20] ACDL, Lº 1º de batismos da matriz de Lages. 
[21]DISP V 84 103 A
[22]DAESP. Maços de População, Lages  1777-1779. Ordem C00226 ou 
[23] ACDL, Lº 1º de batismos da matriz de Lages. 
[24] Em sendo assim as respectivas mães marcharam grávidas
[25] ACDL, Lº 1º de batismos da matriz de Lages, fls. 28. 
[26] ACDL, Lº 1º de batismos da matriz de Lages, fls. 30. 
[27]  ACDL, Lº 1º de batismos da matriz de Lages, fls. 37. 
[28] ACDL, Lº 1º de batismos da matriz de Lages, fls. 37.